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Rede de Transformatórios de Ubatuba

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Resumo

O projeto Rede de Transformatórios de Ubatuba propõe a articulação entre três grupos de atividades: a cultura maker; as adaptações, customizações e consertos; e aqueles ofícios ligados à produção artesanal e/ou em pequena escala. Propõe-se que somente essa aproximação pode apontar caminhos para a construção de alternativas para um desenvolvimento socioeconômico inovador, sustentável e includente para a cidade, e que este modelo pode eventualmente ser replicado em outras localidades.

Objetivos

O projeto terá duas frentes de atuação complementares:

  • Ativação da rede de Transformatórios, espaços dedicados à transformação da matéria, em Ubatuba;
  • Estabelecimento do Transformatório Ubalab - nó da rede de Transformatórios dedicado a pesquisa, ativação de rede, comunicação e ferramentas digitais de comunicação.

As duas frentes implicam diferentes ênfases de um mesmo contexto: a rede ampla e o nodo particular. São camadas essencialmente conectadas cujas ações nem sempre serão claramente distintas. Ainda assim, guardam relativa autonomia em termos de modos de atuar, equipe e parcerias, equipamentos e materiais, e mesmo vocabulário e referências.

Justificativa

O projeto Rede de Transformatórios propõe a articulação entre três grupos de atividades no território de Ubatuba: as tecnologias de fabricação digital; as adaptações, customizações e consertos de diversos tipos de objetos; e todos aqueles ofícios ligados à produção artesanal e/ou em pequena escala. Entende-se que estes três campos amplos compartilham elementos importantes entre si. Em particular, o fato de lidarem essencialmente com a transformação de matéria. Estão representados, por exemplo:

  • Nos saberes - recentes, estabelecidos ou ancestrais - ligados à manufatura, à adaptação e à personalização de objetos como brinquedos, louça, joias e adereços, roupas, peças de decoração, móveis e afins;
  • Nas oficinas e nos profissionais dedicados aos consertos: de panelas, sapatos, relógios, telefones celulares, bicicletas, entre outros;
  • Na cultura hacker e maker do software livre e do hardware livre;
  • Nas artes adaptáveis dos mestres serralheiros, marceneiros, torneiros, pedreiros e outros;
  • Na coleta, triagem e reuso de material descartado;
  • Na permacultura, no design sustentável, na agroecologia, no slow food, entre outros.

Identificando o que há de comum nesta ampla gama de atividades, o projeto tratará em primeiro lugar de promover um esforço de intercâmbio entre os diversos atores relacionados. Técnicas, ferramentas, macetes, gestão, habilidades manuais e visões de mundo serão colocados em contato e em perspectiva. Em seguida, será iniciada a construção da rede de Transformatórios, através da qual os diversos indivíduos, coletivos, empresas, ONGs e outras instituições poderão trocar ou emprestar produtos, ferramentas, tempo de uso de instalações e equipamentos, saberes. Cada nodo desta rede será considerado um Transformatório em particular, com respeito a suas próprias características e desejo de engajamento. Os participantes da rede serão estimulados a atuar: 1) na experimentação com diferentes ofícios, saberes e linguagens; 2) na educação entre pares e em exercícios concretos de criatividade aplicada.

A intenção que perpassa o projeto é incidir sobre situações de impasse que a cidade historicamente enfrenta: a tensão entre preservação e crescimento econômico, a baixa valorização dos saberes e culturas tradicionais, a evasão de jovens talentos por falta de opções, a desconexão entre os setores criativos e científicos e a sociedade local. Propõe-se que estão presentes no território elementos que bem articulados poderiam resultar na criação de alternativas para desenvolvimento socioeconômico que respondessem de maneira criativa a estas questões. Ao contrário de boa parte da história da sociedade industrial, entretanto, colocam-se como preocupações centrais a sustentabilidade socioambiental, a relevância social da inovação, a diversidade cultural, além de pensar uma educação interdisciplinar inclusiva, autônoma e engajada. Pretende-se promover uma prática crítica e produtiva, que entenda a inovação não como domínio exclusivo dos designers industriais, mas pelo contrário como exercício cotidiano de criatividade aplicada e da capacidade de mudar o mundo a partir de pequenos atos.

Metodologia

O projeto será desenvolvido a partir dos seguintes eixos:

  • Mapeamento continuado de grupos, indivíduos e espaços em Ubatuba dedicados à transformação de matéria em campos como a produção artesanal e/ou em pequena escala, os consertos, as adaptações, a personalização, bem como as técnicas sustentáveis de construção e de produção de alimentos.
  • Estratégia de ativação da Rede de Transformatórios de Ubatuba, promovendo a troca de experiências entre diferentes áreas com encontros periódicos - reuniões e oficinas - abertos a todos os interessados.
  • Desenvolvimento do Transformatório Ubalab, responsável pelas seguintes atividades:
    • Comunicação: entre Transformatórios locais, com outras iniciativas no Brasil e mundo, para público geral em Ubatuba.
    • Registro de produção de conhecimentos.
    • Organização de eventos nacionais e internacionais.
    • Articulação de parcerias locais, nacionais e internacionais.
    • Organização de curso livre de transformação de matéria.
Cronograma

Previsão de 24 meses de atividades.

  • Primeira versão do mapeamento: M1 a M6
  • Encontro local de Transformatórios: M3
  • Reuniões locais mensais: a partir do M2 até M24
  • Oficinas locais mensais: a partir do M4 até M8
  • Encontro nacional de transformatórios: M9
  • Encontro local de avaliação intermediária: M11
  • Curso livre de transformação de matéria: M13 a M22
  • Festival Internacional de Transformatórios: M15
Proponente

Felipe Fonseca reside em Ubatuba desde 2008. É assistente de pesquisa no projeto Ciência Aberta Ubatuba, coordenado pelo IBICT (2015-2016). Organizou em Ubatuba o Encontrão Hipertropical de MetaReciclagem (2012) e os festivais Tropixel (2013-2015). É representante de cultura urbana e digital (eleito em 2015) no Conselho Municipal de Políticas Culturais. Criou em 2009 o Ubalab, núcleo de cultura digital experimental. Faz parte da comissão independente que construiu a minuta do Sistema Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de Ubatuba. Faz parte da direção da Associação Gaivota e colabora eventualmente com a rádio comunitária Gaivota FM. Publicou os livros “Laboratórios do Pós-digital” e “Gambiarra: Repair Culture”.


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