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Áudio na íntegra disponível aqui (archive.org)

FF

Metareciclagem. Residência VCU. Gambiarra/repair culture. Inquietações. Nova revolução industrial? Saberes ancestrais. Novas possibilidades para tempos de antropoceno.

Gilberto

Maré. Gambiarra favela tech. Saberes locais. A mina do bolo, o moleque que conserta ventiladores, o doidão que conserta celulares. Bicicletas na favela - módulo de cicloativismo, conserto de bikes. Tem cinco garotos responsáveis.

Brazileiro

Pai - torneiro, professor, autocad, CNC. Projeto novo. Precious plastic. Pensando em comprar uma extrusora usada e reformar. Dialogar com a economia dos plásticos no local - pessoal que já faz coleta e separação, ex alunos que estão dentro da cadeia produtiva.

Terreiro de Mãe Beth - Oxum, com algo de Ogum. Rádio, polícia, radiação. Prêmio do Minc: 80% investido em construção. Dinheiro ficou na própria comunidade. FAC - juventude negra. Participantes ajudaram a construir o próprio estúdio.

Tati

Consertador de piano. Quarta geração. Projeto Afazeres, registro audiovisual.

Tassia

Andes - capacitação para trabalho, geração de renda e meio ambiente. Conversaram em 2012 com a Repair Cafe Foundation de Amsterdam e trouxeram para o Brasil nos mesmos moldes. Tem um kit, com instruções. Encontros livres para consertos em grupo. Tem voluntários em Santos, viajam junto para fazer coisas por exemplo nos SESC. Queriam fazer mais frequentemente, mas não têm recursos. É o projeto com maior visibilidade, mas não tem patrocinador. Em algumas comunidades, não vai ninguém.

Pergunta pro Gilberto: como a comunidade vê? Estamos dispostos a ir lá econsretar.

Gilberto

Às vezes não é isso, o pessoal não quer.

Tassia

Mesmo inserido na comunidade, naquele momento a gente não conseguiu sucesso.

Questão sobre gerações: pais e filhos. Pensar também em depois que as coisas não puderem mais ser consertadas, ter maneiras de trocar - podem surgir peças sobressalentes.

Rbrazileiro

Pensar nisso é uma boa. Escambo de ferro velho.

Sheila

Questão da família, tradições. Desde criança, sempre gostou de desmontar e montar coisas. Mecanismos dos brinquedos, fazer roupas para bonecas. Não tinha grana pra comprar, então fazia. Meu avô, hoje com 86/87 anos, hacker mestre da minha vida. Estudou até o equivalente a terceiro ano, mas tem muito conhecimento. Foi mecânico de máquinas que consertavam máquinas de asfalto. Consertava por necessidade. Treze filhos, não tinha banheiro e muito menos brinquedos. Até hoje ainda conserta cabo de panela. Ponto de ônibus que tinha só a cobertura, avô fez um banco, chamou um vizinho para montar e instalar. Mesmo sem conhecimento técnico, a gente dá um jeito de fazer - também na cozinha, costura, decoração. Nos encontros rola a faísca, vai e faz. Jovens não querem mais fazer isso. Pensam isso como coisa inferior, retrocesso. Desafio: encontrar a fórmula. Como existem várias frentes, dá para abordar a questão do reuso, upcycling, etc - com tudo: roupa, alimentação, utilitários domésticos, brinquedos. Individual, coletivo, empresa, ensino. Tornar os processos transparentes ajuda a ver o impacto: universidade que deixa de contratar licenças de software e investe em laboratório.

Para Tassia, sobre não ir ninguém, é sempre um receio. Por sorte, fizeram o primeiro café em Porto Alegre e foi mais gente do que esperavam. Quando a gente chega dando a resposta, a adesão é menor. Talvez pensar em jeitos de perguntar e acolher antes de chegar. Projeto de fotografia livre e aberta - hardware/firmware, software, licenças.

Sobre o café reparo. Semana passada. Num ponto de cultura perto da redenção. As pessoas querem isso, não necessariamente por interesse mas também por questões econômicas

Tassia

E a parte social, encontro, etc.

Leo

Tinha mais gente pra consertar do que coisas pra consertar.

Tassia

Consertar é divertido.

Sheila

Imantação de ferramentas, etc.

Leo Foletto

Como surgiu o café reparo aqui. Ano passado, ligado ao ônibus hacker. Belasco e Sherlon. Projeto no edital redes e ruas. Sem pedir autorização. Encontros no CCSP. Reparando objetos (“reparar” como pequeno conserto, não necessariamente garantido). Leo participou de um encontro trazendo a conexão com cultura livre. Levou para Porto Alegre. Além disso, percurso teórico. Terminando doutorado. Teoria ator-rede, Latour. Objetos também têm agência, também atuam. No grupo que está estudando, é marcante como faz diferença em qual software faz, etc. Levar isso pra vida. Preciso entender como funciona esse computador ou esse som. Precisamos ter consciência maior sobre os objetos que nos rodeiam. Traduziram o manifesto do ifixit. Não queremos concorrer com os profissionais de assistência técnica, mas focar no processo - abrir, entender como funciona.

Sheila

E um elemento de consumo responsável.

Tassia

Dentro da metodologia de café reparo, não existe mesmo isso de concorrer com assistência.

Leo

Um cara de 19 anos que estava chegando na cidade que assumiu a função.

Gil

Isso responde um pouco a questão da Tassia, que é como mobilizar. Tem que ter alguém do rolê.

Tassia

Tinha voluntários e gente interessada. Em Amsterdam é incrível a tecnologia e tudo que eles têm, consertam celulares e tudo.

Kalenin

Tenho um makerspace na baixada, criado por iniciativa própria ano passado. Criaqui. Formação científica. Eu comando com dois filhos, somos engenheiros. Eu dou aula desde que me conheço por gente. Me preocupo: existe uma coisa nos makers, labs, spaces, o aspecto educacional. Como entra o aspecto educacional nesse processo todo de uma maneira significativa? Eu dou treinamento para pessoas de 15, 20 anos de profissão, que sabem muito, mas não têm uma formação científica mínima. Sabem trabalhar um torno. Quando descobre que a ferramenta que corta, o processo já tempera o material porque esquenta - nunca tinha entendido por que a geometria da ferramenta é aquela. Trabalhando com mais jovens, a minha preocupação de passar é essa. O menino na favela que conserta tomadas - vai ser bom ele entender por que tem dois polos, por que do formato, fio, etc. Isso transforma de uma maneira profunda, educacional, criativa. Minha experiência - quando eu estudei, o ensino fundamental e médio era profissionalizante. Marcenaria, eletrotécnica, etc. Fazer um processo maker sem o viés da educação a gente fica meio perdido. Minha experiência, se for só pra usar máquina, vai fazer outra coisa.

(Parei de anotar e caí no debate) [efeefe]