Carta de Jon "Maddog" Hall sobre o fórum UbaTech:

Ubatuba é conhecida como um destacado destino turístico brasileiro. Se por um lado isso gera divisas e empregos nas temporadas, é desejável que também se desenvolvam outros campos de atuação econômica sustentável na cidade, e que atuem durante o ano inteiro.

Já foi sugerido que Ubatuba poderia acolher o desenvolvimento de um parque tecnológico, estabelecendo uma atividade econômica de base tecnológica com baixo ou nenhum impacto ambiental, e que contribua para a atividade fora dos períodos de alta temporada, além de sustentar as áreas da hospitalidade (acomodação, alimentação e transporte, entre outros) e educação (tanto ensino médio e técnico quanto superior). O avanço na tramitação do Projeto de Lei do Congresso Nacional que autoriza a criação da Universidade Federal do Litoral Norte Paulista é uma das confirmações dessa visão.

O Software Livre vem sendo utilizado no Brasil há muitos anos, permitindo o desenvolvimento de projetos “em tempo e dentro do orçamento”. O Software Livre permite que os recursos que normalmente seriam enviados para fora do país com o pagamento de licenças de software proprietário - para corporações americanas e europeias - sejam aplicados localmente, garantindo emprego para programadores locais, administradores de sistemas e outros profissionais técnicos. O Software Livre também assegura que o usuário assuma o controle. Com empresas de software proprietário, o software pode tornar-se obsoleto caso a empresa abandone o negócio ou pare de dar suporte para uma versão ou equipamento em particular - e o cliente fica sem escolha, perde o controle. Com Software Livre, qualquer cliente (seja governo, associação setorial, órgão educacional ou outro) pode decidir migrar para outra versão ou um novo produto, ou mesmo permanecer com a versão antiga e fazer as mudanças necessárias para continuar funcionando. O “controle” retorna ao cliente, em vez de ficar nas mãos do fornecedor de software proprietário.

Os encontros do UbaTech vão demonstrar a governos, negócios e gestores de educação como as Tecnologias Livres (que atualmente abrangem também o hardware e a cultura além do software) podem baixar os custos de implementação, permitir soluções customizadas para clientes, e direcionar uma maior parte dos custos de implementação de volta à economia local, uma vez que os responsáveis pela implementação reinvestem o que faturam ao pagar por alimentação, moradia e recolhimento de impostos locais, entre outros. No primeiro encontro, no dia 11 de outubro, você vai saber sobre:

  • Um projeto do LSI TEC para planejar e montar computadores single-board de baixo custo, uma organização sem fins lucrativos associada à Universidade de São Paulo. O projeto foi reconhecido como uma iniciativa oficial de “internet das coisas” pelo governo brasileiro. O primeiro computador a ser produzido será chamado “Labrador”.
  • Um curso online sobre “Internet das Coisas” voltado a estudantes do ensino médio e superior, criado pela Universidade de São Paulo, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de negócios sobre este tema.
  • Uma distribuição amigável de GNU/Linux chamada “Endless OS”, que não requer muitos recursos nem uso de rede e é perfeita para ações de inclusão digital. Ela roda bem inclusive no computador Labrador descrito acima.
  • Um produto de Código Aberto para computação em nuvem peer-to-peer que é seguro e estável, permitindo que você controle onde seu armazenamento e seu processamento são feitos, e permite até mesmo que você venda, compre ou troque recursos computacionais adicionais através da internet.
  • Um sistema de telefonia de Código Aberto, desenvolvido em Florianópolis, que permite que você substitua os caros sistemas de PABX por serviço telefônico de alta qualidade a uma fração do preço.
  • Centenas de milhares de programas desenvolvidos pela comunidade de Software Livre que estão disponíveis para download livre e gratuito pela internet.
  • Maneiras de usar as comunidades e tecnologias abertas para melhorar as condições de acesso à internet na região.
  • Um projeto para auxiliar jovens dedicados a bancar os custos de sua própria educação superior, ao oferecer para Pequenas e Médias Empresas serviço de suporte técnico a respeito do uso de seus sistemas de tecnologia, particularmente instalando e capacitando pessoas no uso de Software Livre de qualidade, customizado para suas necessidades.
  • Casos reais de empreendedores e profissionais que construíram uma carreira em Tecnologias Livres a partir de Ubatuba;
  • O caminho para uma carreira de sucesso com tecnologias abertas através das certificações oferecidas pelo LPI - Linux Professional Institute.

Os palestrantes deste encontro incluem integrantes da comunidade técnica de Ubatuba, além de representantes do poder público local e de outras partes, discutindo de que forma o Hardware e Software Livres podem melhorar a vida econômica e cultural de Ubatuba. Estes projetos não são ilusões ou promessas futuras, mas produtos e soluções que já estão disponíveis hoje, para proporcionar melhorias imediatas aos negócios e organizações da cidade.

Não se trata de um único dia de evento, mas de uma verdadeira convocação para desenvolver o plano de transformar Ubatuba em uma estrela brilhante das Tecnologias Livres no Brasil. Ele envolverá tanto um grupo local de pessoas com perfil técnico quanto outros que se importam com o país, oferecendo sua ajuda para fazer de Ubatuba não somente um destino turístico, mas o “pólo das Tecnologias Livres” no Brasil.

Depois deste encontro, haverá um dia para demonstrar as diferentes tecnologias de software, e um dia de treinamento técnico. Anunciaremos nas próximas semanas mais detalhes sobre esta programação complementar.

Além de tudo isso, haverá um sorteio de prêmios valiosos no encontro, para agradecer por seu tempo e participação. O sorteio será gratuito, mas você precisa estar presente no início para pegar seu bilhete e ao final para o sorteio.

Solicitamos que você se planeje para participar do encontro no dia 11/10, preste atenção ao que será dito, e ofereça seu apoio para a empreitada. Assuma o controle sobre o futuro tecnológico de Ubatuba.

Um caloroso abraço,
Jon “maddog” Hall, CEO da OptDyn e Presidente do Conselho do LPI