Uma das questões recorrentes que a plataforma Ciência Aberta Ubatuba tem encontrado no diálogo com instituições e iniciativas na região diz respeito à durabilidade e à interoperabilidade dos dados georreferenciados que são produzidos sobre o território. É comum que diferentes projetos invistam esforços na coleta e sistematização dessas informações para finalidades diversas. Por vezes, compartilham os resultados entre si, disponibilizam mapas na internet e os apresentam em eventos. Mais raro é as iniciativas conseguirem compartilhar tais informações de forma aberta e estruturada, que permita seu reaproveitamento, cruzamento entre bases, verificação pública. Mesmo quando têm o desejo de fazê-lo, acabam esbarrando em obstáculos técnicos, de conhecimento ou de recursos.

Com o objetivo de promover a troca de experiências na produção e utilização dessas informações, bem como delinear estratégias de compartilhamento dos dados e conhecimentos acumulados por diversas iniciativas, decidimos organizar um workshop sobre dados georreferenciados. Tratamos de reunir potenciais interessados nestas questões e profissionais cuja experiência poderia contribuir para a construção de estratégias locais para a disponibilização compartilhada de dados georreferenciados abertos, com foco no Litoral Norte de São Paulo. O workshop aconteceu no fim de maio, na Escola Tancredo Neves, em Ubatuba, e contou com a presença de relevantes projetos locais e regionais.

A primeira parte do workshop iniciou-se com apresentações sobre infraestrutura digital para a disponibilização de dados. Hesley Pi (IBGE/IBICT) explanou as possibilidades da INDE, Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais, criada em 2010 com a participação de 23 órgãos federais e alguns estaduais com o objetivo de facilitar a exploração de dados gerados por diversas instituições. Em seguida, a equipe do Datageo, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Ana, Edgar e Vitor) apresentou o portal e trouxe algumas reflexões sobre como promover o diálogo entre sistemas “antigos” e novas possibilidades.

As experiências de três instituições que atuam na região foram então apresentadas. Gabriela, da APA Marinha do Litoral Norte, falou sobre a construção da informação cartográfica com a participação das comunidades, ressaltando ainda algumas particularidades advindas de se trabalhar com mapas no mar. Fabio, do Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte, contou um pouco sobre as maneiras que diversos projetos acabam encontrando para compartilhar dados cotidianamente, muitas vezes de forma informal.

Fabio apontou ainda que uma das coisas que fazem falta é “um servidor web” para a disponibilização dos dados. Pedro, do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina, apontou a importância de se aproximarem os dados georreferenciados da cartografia social, e de como estes recursos podem ajudar a qualificar processos de luta por território das comunidades tradicionais da região.

A segunda parte do workshop foi uma rodada aberta tentando delinear estratégias coletivas para o compartilhamento de dados georreferenciados. Foi sugerida a formação de um grupo de trabalho para já desenvolver protótipos utilizando-se de softwares livres para a internet como o GeoNetwork e o GeoServer, e simultaneamente dar início à construção de um projeto de mais longa duração que possibilite a disponibilização permanente de dados, eventualmente construindo um consórcio de instituições que passe a integrar a INDE.

Como proposta imediata, encaminhou-se a constituição de um grupo de colaboração e trabalho que já se reuniu em 03/06 para organizar um plano de ação. A plataforma Ciência Aberta Ubatuba também deu início ao processo de contratação de um profissional para oferecer suporte técnico ao teste e implementação de plataformas digitais georreferenciadas.

• Anotações da equipe Ciência Aberta Ubatuba durante o workshop.
• Slides:
  • Slides INDE
  • Slides Datageo
  • Slides CBH
  • Slides APAMLN
  • Slides OTSS
• Pesquisa: Mapas Digitais
• Registro em áudio do workshop (em duas partes)

~~DISQUS~~